Por que os filhos preferem ouvir músicas que parecem tão inferiores se comparadas ao gosto musical dos pais?
Simplesmente porque nossos filhos precisam criar suas próprias memórias, a partir de sons e letras que façam sentido para o momento em que eles estão vivendo.
Provavelmente você está se aí pensando: “ah, mas eu ainda curto as mesmas músicas da minha adolescência. De tão boas que eram, acabaram eternizadas para mim – mesmo depois de adulto continuo a gostar e ouvir todas elas!.”
Exatamente aí está o porquê mantemos essa relação de amor com as músicas que marcaram nossa adolescência e juventude. Recentemente estudos mostraram que o gosto musical se solidifica por volta dos 14 até 18 anos de idade.
Isso por algumas razões relacionadas tanto ao desenvolvimento da personalidade quanto da funcionamento do cérebro durante a adolescência.
Primeiramente, a letra da música reflete, para o adolescente, como algo de imediata conexão com a vida que ele tem naquele momento específico de sua vida. Os jovens sentem que a música é um espelho dos sentimentos que experimentam naquele momento.
Além disso, enquanto seu filho ouve uma música, uma série de conexões é disparada em seu cérebro. No córtex auditivo, que fica na região logo acima dos nossos ouvidos, as células que recebem os impulsos da música geram uma forte sensação que, imediatamente, dispara a conexão com outras regiões do cérebro, responsáveis por associar a música com sentimentos, pensamentos e experiências pessoais.
E todo aquele tempo em que você ouviu, junto com seu filho ainda criança, as músicas que você acha excelente e as quais imaginava que ele teria como possíveis favoritas também?
Fique tranquilo. Não foi em vão. Tanto a experiência de ouvir com você suas músicas favoritas quanto a melodia e trechos das letras vão compor a memória de longo prazo de seu filho e serão fundamentais na vida dele como aluno. Sempre serão referência, mesmo que inconsciente, para que ele possa aprender mais e melhor. Porém, o gosto musical dele pode ser totalmente avesso ao seu. E estará baseado ao que ele escolher ouvir na adolescência!
Há um consolo, porém: a música que parece tão ruim para você, pode ser uma mera ilusão. Nós, adultos, não conseguimos ouvir a música da mesma forma que os adolescentes ouvem. As conexões que são disparadas pelo córtex auditivo são diferentes quando adultos. Sendo assim, são enormes as chances que estejamos ouvindo algo muito diferente do que nossos filhos ouvem, ainda que a mesma música esteja tocando!
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