1. Não existe aprendizagem formal sem frustração. É exatamente na fase da alfabetização que a criança descobre que os pais não poderão fazer tudo por ela . Que nenhuma babá ou equipamento eletrônico poderá fazer as conexões cerebrais necessárias para que ela aprenda a ler e escrever. Eis a primeira pista do porquê as crianças começam a não gostar tanto da escola como antes. O esforço necessário à aprendizagem não pode ser terceirizado. Toda ajuda é bem vinda, mas a responsabilidade pela aprendizagem é do aluno. Mais que isso, aprender a escrever e ler envolve tentar, não conseguir, comparar com a letra da professora ou do livro e perceber que não chega nem perto. Ou seja, é um constante exercício de se frustrar, tentar de novo até conseguir. Para que essa fase deixe boas lembranças e uma relação mais saudável com os estudos que se refletirá pelo resto da vida será preciso deixar que seu filho se frustre em algumas situações que não estejam relacionadas com o aprendizado formal! Uma dica simples para que seu filho desenvolva essas habilidades é incluir na rotina, desde muito cedo, quebra-cabeças e jogos de tabuleiro. Tenha momentos em casa em que todos os eletrônicos estejam desligados e monte com ele os brinquedos. Algumas vezes, termine primeiro. Brinque de jogo da memória. Vença algumas vezes. Se você tem um filho só, faça questão de dividir a bolacha, a maçã, o tempo do brinquedo. Uma criança que aprende a lidar com a frustração tem melhor relacionamento social na escola e o desempenho escolar refletirá de forma positiva todo esse aprendizado!
2. As vantagens que a tecnologia trouxe para a vida moderna têm também um aspecto que pode se tornar negativo na relação dos alunos com a aprendizagem. Cabe a nós pais criar oportunidades para que nossos filhos vivenciem experiências reais, para as quais a tecnologia não trará solução. No processo de aprendizagem formal não há uma tecla que possa ser pressionada para que tudo seja automaticamente configurado ao gosto e desejo do aluno. A menos que os pais ensinem a criança a lidar com essa realidade, a relação com a aprendizagem será sempre negativa, prejudicando o resultado ao longo da vida do estudante. Uma dica simples para que seu filho desenvolva a habilidade da Persistência é incluir na rotina, desde muito cedo, brinquedos de encaixe e materiais de pintura e desenho. Para os brinquedos de encaixar, você pode deixar somente duas peças e acrescentar as outras somente depois que a criança tenha dominado o encaixe das duas primeiras. Ao ter um número grande de peças e várias opções de encaixe, a criança acaba desistindo em meio a tantas opções. Para os desenhos e pintura, guarde o que seu filho fizer, em papel mesmo ou registre em fotos que você vai armazenando em uma pasta. Depois de alguns meses, compare os desenhos e pinturas mais antigos com os atuais e mostre a ele como está pintando ou desenhando melhor. Não se esqueça de elogiar o esforço e dedicação, independentemente do resultado final! No caso de adolescentes, um esporte coletivo e jogos como baralho e dominó trazem excelentes resultados no desenvolvimento da Persistência e, como bônus, ajudam a melhorar a habilidade de foco e concentração! A capacidade de enfrentar os desafios da aprendizagem será fortalecida e as memórias em relação aos melhores resultados serão naturalmente vinculadas à capacidade de persistir ao invés de evitar os desafios!
3. Aproveite a Copa do Mundo de Futebol para ajudar seu filho a desenvolver habilidades que fazem toda a diferença para uma boa relação com os estudos: Empatia! Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro e olhar a situação pela perspectiva da outra pessoa. A primeira oportunidade vem com o impacto gerado pela Copa na vida das famílias. Os horários de aula serão impactados. O horário de trabalho será afetado, seja você fã de futebol ou não! É este o primeiro desafio para ensinar Empatia: vocês pais, demonstrando ter essa habilidade e respeitando o desafio que a escola tem de ajustar o calendário e horários enquanto lida com tantos interesses, crenças, gostos e necessidades diferentes. Não há certo ou errado quando você se coloca no lugar do outro. Alguns pais querem que a escola mantenha o dia letivo por não ter com quem deixar os filhos, já que terão o horário de trabalho mantido. Outros serão dispensados e teriam dificuldade para voltar buscar os filhos na escola, que fica próxima ao local de trabalho. Não é uma questão de julgamento sobre certo e errado. É oportunidade para ensinar a Empatia. No mínimo, para entender e respeitar os desafios que a situação ideal para você representa para outras família. Não tenha reações extremas, nem estimule ou aceite esse tipo de reação de seus filhos, caso a escola decida de uma forma que o desagrade. Encontre, junto com a criança ou adolescente, maneiras de curtir esse momento apesar dos contratempos e divergências que surgirão. Num piscar de olhos lá se vai um mês de jogos e seu filho será uma pessoa totalmente diferente – mais flexível e capaz de se colocar no lugar do outro. Além dos benefícios para a aprendizagem, o amadurecimento emocional será enorme!
4. Resiliência é uma força interior para lidar com adversidades. E não há como evitar que nossos filhos passem por situações de pressão, estresse e decepção durante todas as fases de sua vida. Crianças resilientes são capazes de enfrentar momentos desagradáveis, que envolvem alta dose de estresse e desafios emocionais, pois possuem auto confiança suficiente para lidar com a situação inesperada ou de estresse recorrente. De maneira alguma isso significa que a criança ou adolescente terá que lidar sozinha com a situação. Ao contrário, quando têm uma boa dose de resiliência, saberão em que momentos devem recorrer a adultos para pedir ajuda, sem sentir que estão sendo fracos ou infantis por isso. A dica para ajudar seu filho a desenvolver a Resiliência é controlar sua ansiedade como responsável e não tentar evitar que seu filho enfrente situações de estresse, risco e decepção do dia a dia, que virão inicialmente em níveis leves e controlados. Deixe que seu filho resolva as questões com os colegas da classe. Acompanhe, mas não interfira. Aconselhe, mas não faça por ele. Ajude para que ele sinta-se capaz e não o coloque na posição de vítima das situações. Situações em que você não tem o total controle dos acontecimentos também ajudam seu filho a desenvolver a auto confiança e auto estima. Dormir na casa de um parente ou amigo, fazer passeios em lugares diferentes do usual e explorar o espaço sem que os pais antecipem cada momento são exemplos simples de atividades que ajudam seu filho a desenvolver a Resiliência. Além disso, deixar que ele chore ou sinta-se frustrado quando algo não ocorrer da forma como ele gostaria só traz benefícios para que cresça mais forte emocionalmente. Alunos resilientes lidam melhor com matérias que não sejam suas favoritas ou para as quais necessitem de maior esforço na aprendizagem. E você, pai ou mãe: é resiliente o suficiente para deixar seu filho enfrentar alguns desafios sem sua presença ou intervenção imediata?
5. Com toda a correria da vida moderna e o tempo que passamos conectados, acabamos por aumentar ainda mais a culpa que já naturalmente faz parte da vida dos pais. A representação mais visível desse estilo de vida tão atribulado é a dificuldade que os responsáveis têm em estabelecer limites para seus filhos. Na tentativa de “ser legal” ou de não magoar os filhos, as famílias estão falhando neste que é um de seus principais papéis para garantir que os alunos possam se relacionar com a aprendizagem e com os estudos de maneira saudável e produtiva. Crianças e adolescentes sem limites tornam-se pessoas inseguras e ansiosas. Ao não encontrarem a segurança que precisam nos adultos com os quais convivem no dia a dia da família. Passam a testar a reação de outros adultos e crianças também, gerando situações tensas e de constante conflito nas relações sociais. O impacto na aprendizagem é imediato e devastador. Assim forma-se o ciclo vicioso falta de limites-ansiedade-conflitos-baixa auto estima, que se fecha com o baixo rendimento escolar. Infelizmente todos acabam focando no baixo rendimento escolar, sendo ele a ponta do iceberg e a única pista concreta e visível aos olhos. Escola e pais se esforçam com aulas de reforço e diversas ações que não trazem resultado por estarem focadas no sintoma e não na real causa do problema. Para evitar tudo isso, deixe de lado a culpa e o medo de não ser amado. Seu filho amará você incondicionalmente e sentir que pode confiar em alguém que estabelece os limites que ele precisa ter para crescer confiante e emocionalmente saudável só tornará o respeito por você ainda maior. Não existe um receita pronta, mas há um ingrediente que você pode usar sem culpa: um “não” firme e seguro é tudo o que seu filho precisa na maioria das vezes. A consistência nas atitudes, fazendo-se respeitar e não cedendo para choros, manhas ou portas batidas com força. Um filho que sabe dos seus limites explora sem medo as oportunidades de aprendizagem que a escola oferece!
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